Mercado Comum do Sul (MERCOSUL)
RESOLUÇÕES DO GRUPO MERCADO COMUM
MERCOSUL/GMC/RES N° 59/98 - Políticas de Apoio às Micro, Pequenas e
Médias Empresas do MERCOSUL - Etapa II
POLÍTICAS DE APOIO ÀS MICRO, PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS DO MERCOSUL - ETAPA II
TENDO EM VISTA:
O Tratado de Assunção, o Protocolo
de Ouro Preto e a Resolução N° 90/93 do Grupo Mercado Comum e a Recomendação N°
5/98 do SGT N° 7 "Indústria".
CONSIDERANDO:
Que se consideram cumpridos
os objetivos assinalados no documento "Políticas de Apoio às Micro,
Pequenas e Médias Empresas do MERCOSUL", aprovado pela Resolução GMC N°
90/93.
Que, em conseqüência, há a
necessidade de que seja dada continuidade aos avanços conquistados no âmbito do
MERCOSUL para essas empresas, devem ser atualizadas as políticas para as micro,
pequenas e médias empresas, adequando-as à realidade atual dos Estados-Partes.
Que, para essa etapa, será
acordada uma nova caracterização das micro, pequenas e médias empresas, a nível
setorial estão sendo estabelecidas as definições para indústria, comércio,
serviços e microempresas artesanais.
Que esta caracterização
será aplicada unicamente para os programas conjuntos do MERCOSUL.
O GRUPO MERCADO COMUM RESOLVE
Art. 1 - Aprovar o
documento "Políticas de Apoio às Micro, Pequenas e Médias Empresas do
MERCOSUL - Etapa II", em suas versões em espanhol e português, que consta
no anexo e faz parte da presente Resolução.
ANEXO
POLÍTICAS DE APOIO ÁS MICRO,
PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS DO MERCOSUL - ETAPA II
INTRODUÇÃO
As profundas mudanças
estruturais da economia mundial têm modificado a natureza da competição tanto
das grandes empresas como das Micro, Pequenas e Médias Empresas (MPMES).
A conformação de blocos
regionais e a liberalização do comércio mundial têm acelerado os efeitos da
globalização e a necessidade de gerar novas respostas aos novos desafios que se
originam à partir das mesmas.
Na busca de novas respostas percebeu-se a necessidade de uma redefinição dos padrões de
organização, dos
papéis e dos tipos de relações que devem ter os diferentes personagens que
intervêm na construção do ambiente produtivo e competitivo, e entre eles, o
papel do próprio Estado.
As Políticas de Apoio às
Micro, Pequenas e Médias Empresas implementadas no passado, em um contexto
muito diferente do atual e baseadas em concepções intervencionistas do Estado,
através de medidas como a promoção industrial, os subsídios diretos, a
restrição indiscriminada das importações, etc., têm demonstrado a escassa
eficiência na geração de capacidades competitivas sustentáveis a longo prazo.
Em economias fechadas, as
MPMES conseguiam sobreviver e prosperar mediante estratégias defensivas que
redundavam numa diversificação de suas atividades, multiplicando seus produtos
e aglutinando processos ineficientemente. Numa economia aberta e globalizada, a
dinâmica e a intensidade da competição fazem necessário que as unidades
econômicas focalizem todos seus esforços em suas principais capacidades, e que
se coordenem e se complementem com outras unidades, tanto as ações de geração
de valor como as atividades de apoio, integrando as cadeias de valor para
alcançar uma maior produtividade e um maior grau de diferenciação mediante as economias
de escala.
Neste marco, o papel do
Estado também deve ser redefinido, atuando como gerador de impulsos e moderador
do processo social de aprendizagem entre empresas, suas respectivas
associações, o setor científico-tecnológico e as entidades intermediárias para,
através do diálogo, detectar deficiências, explorar margens de manobras e
elaborar visões de médio prazo que sirvam de orientação para criar, em
consenso, estratégias de desenvolvimento e aquisição e fortalecimento de
vantagens competitivas.
Este processo exige uma
considerável capacidade técnica, coordenadora organizativa das figuras
estatais, um alto grau de capacidade de auto-organização dos grupos sociais e a
disposição destes na interação estratégica, em base a mecanismos de tomada de decisões
dirigidas à resolução conjunta de problemas.
Por sua vez, isto requer um
conjunto de condições que estão relacionadas com quatro níveis:
O primeiro deles é o nível
MACRO que inclui a geração de uma visão compartilhada e um consenso social
sobre a política econômica dirigida ao mercado mundial. Isto também compreende
um padrão básico e não discriminativo de organização jurídica, política,
econômica e macro social que permitam aglutinar a potencialidade dos elementos
sociais e econômicos em prol da aquisição das capacidades competitivas pondo em
ação os processos sociais de aprendizagem e, por último, a disposição e
capacidade de organização e interação para implementar as estratégias
selecionadas para o aumento da competitividade e geração de emprego com boas
condições gerais de trabalho.
Num segundo nível, que é o
MACRO, se estabelecem as condições de estabilidade econômica para tomada de
decisões de maneira que as mesmas não sejam distorcidas e propiciem condições
financeiras favoráveis, uma política comercial que não gere uma visão
anti-exportador e um marco regulatório e normativo para que gere uma pressão
competitiva sobre as empresas, tal que estas se vejam obrigadas a aumentar sua
produtividade e diferenciação.
Num terceiro nível, que é o
MICRO se dá efetiva inovação tecno-organizativa das empresas através de um
otimização da divisão interempresarial do trabalho a partir de estreitas
interações entre firmas industriais e serviços terceirizados, subcontratistas,
centros especializados em tecnologia e contatos fluidos entre produtores e
compradores integrando as respectivas cadeias de valor.
Num quarto nível, se
definem as estratégias de intervenção de todos os personagens num âmbito
localizado. Relaciona-se com o conjunto específico das empresas e é
INFRA-ESTRUTURAL e INSTITUCIONAL. Neste nível se constróem as condições
específicas de competitividade das empresas desde a mesma infra-estrutura
física, as políticas educativas de investigação e tecnologia, que permitem uma
atividade competitiva, até a configuração dos grupos de elementos estratégicos
e suas inter-relações e articulações de diversas amplitudes, profundidades e
intensidade.
Algumas características
deste último nível na atual conjuntura, são a atomização das potencialidades,
inclusive da condução e da tomada de decisões entre os personagens públicos e
privados. É aí, onde se conforma o padrão organizativo em base aos fluxos de
informação, aos interesses particulares e mecanismos de resolução conjunta de
problemas com base em processos de tomadas de decisões.
Ainda que o padrão técnico
organizativo seja fundamental para a configuração dos fatores estruturais que
fazem a competitividade e a dinâmica dos mesmos, tal que geram um processo da
aprendizagem contínuo que aprofunde as vantagens competitivas, o próprio padrão
técnico-organizativo é resultado de um processo de aprendizagem.
As políticas públicas de
apoio já não podem ser indicativas e/ou intervencionistas devido ao fato de que
sua própria natureza impede uma leitura correta dos sinais econômico-empresariais
que fazem a competição aberta e porque a efetividade dos programas estatais
depende da cooperação e interação dos diferentes grupos de elementos
estratégicos e de seu funcionamento institucional.
Se este último é correto em
geral, algo mais importante resulta para as micro, pequenas e médias empresas,
cujo tamanho econômico e sua alta atomização impedem, por um lado, de carregar
individualmente com os custos que implicam o desenvolvimento das inovações e
dos conhecimentos necessários para competir e, por outro lado, dada a
inexistência de poder de aglutinação necessária por si mesmas, de gerar um
espaço e interações para sustentar o processo contínuo de aprendizagem e
aquisição de capacidades.
A definição de políticas e
medidas de apoio ao setor deve centrar-se na implementação e concentração de
esforços que tendam a adotar as ações de cada uma das nações de uma maior
coerência e coordenação entre si, com vistas ao funcionamento do Bloco e
conseguir desta maneira, medidas de fomento de maneira harmonizada para
estimular e financiar o intercâmbio e a cooperação entre as empresas deste
segmento.
O objetivo do presente
documento é revisar as políticas para MPMES e Artesanatos no Mercosul e
assinalar as linhas básicas que devem conter as políticas de apoio e fomento às
Micro, Pequenas e Médias Empresas em cada um dos Estados Partes, para conseguir
uma harmonização em nível regional no desempenho deste estrato empresarial e ir
reduzindo as assimetrias existentes. Assim mesmo, quando for aprovado este
documento, o mesmo deverá servir de parâmetro para os programas em comum do
Mercosul.
LINHAS ESTRATÉGICAS
GERAIS
1. DEFINIÇÃO MPMES
Nos Estados Partes do
MERCOSUL são utilizadas diversas definições para delimitar este universo, o que
demonstra a heterogeneidade de critérios respondendo a natureza própria do
fenômeno MPMES, que se origina e desenvolve em diferentes estruturas
produtivas. Por sua vez, as diferentes formas de delimitar esse universo está
em função dos objetivos que se perseguem, a precariedade de informações e o
contexto econômico.
Nesse sentido, entende-se
que deveria entrar-se em consenso e insistir na busca de uma definição comum e
aplicada nos Estados Partes. Por sua vez, é importante destinguir entre Micro,
Pequena e Média empresa e entre setores produtivos, já que há diferenças
substanciais entre eles. Considera-se necessário utilizar critérios
quantitativos e qualitativos.
Critério quantitativo:
Para os parâmetros de
definição se aplicam dois critérios: pessoal empregado e nível de faturamento. Para
os fins da classificação prevalecerá o nível de faturamento, o número de
pessoas ocupadas será adotado como referência.
INDÚSTRIA
TAMANHO
|
PESSOAL OCUPADO
De - até
|
VENDAS ANUAIS US$
De - até
|
MICRO
|
1-10
|
1-400.000
|
PEQUENA
|
11-40
|
400.001-3.500.000
|
MÉDIA
|
41-200
|
3.500.001-20.000.000
|
COMÉRCIO E SERVIÇOS
TAMANHO
|
PESSOAL OCUPADO
De- até
|
VENDAS ANUAIS US$
De - até
|
MICRO
|
1-5
|
1-200.000
|
PEQUENA
|
6-30
|
200.001-1.500.000
|
MÉDIA
|
31-80
|
1.500.001-7.000.000
|
Critério qualitativo:
As MPMES não deverão estar
controladas por outra empresa ou pertencer a um grupo econômico que em seu
conjunto supere os valores estabelecidos.
Cláusula evolutiva:
Deixarão de pertencer à
condição de MPMES, somente se durante dois anos consecutivos superarem os
parâmetros estabelecidos. Esta cláusula tem por objetivo não desestimular o
crescimento diante da eventualidade de superar os parâmetros quantitativos que
caracterizam o estrato MPMES.
EMPRESAS ARTESANAIS
Por sua vez, dever-se-á
contemplar a definição de empresas artesanais. Ainda que essas empresas se
encontrem incluídas no estrato das Micro empresas, as mesmas devem conter uma
distinção especial onde se destaque, em primeiro lugar, o caráter de expressão
cultural e artístico e baseado de maneira significativa no trabalho manual.
2. PROMOÇÃO DE
COMPETITIVIDADE
Com relação à promoção de
competitividade das MPMES no âmbito do Mercosul, as ações dos Governos
Nacionais deverão realizar-se de forma coordenada, tendo em conta a promoção da
ocupação, geração de postos de trabalho e renda. Mesmo assim, se tenderá a um
melhoramento da inserção internacional destas empresas.
Isto não implica deixar de
realizar ações individuais por parte dos respectivos Governos.
As Micro, Pequenas e Médias
Empresas representam um papel fundamental dentro da estrutura econômico-social
das economias nacionais de cada um dos Estados Partes e efetuam um importante
suporte ao desenvolvimento econômico do MERCOSUL.
Em termos gerais, os
principais problemas que limitam o desempenho das MPMES podem-se agrupar de
acordo com suas características nos seguintes pontos quantitativos e
qualitativos, que formam o espaço de competitividade das empresas,
destacando-se que mesmo que a informação não esteja incluída, este é um
problema que atravessa transversalmente tanto os aspectos quantitativos como os
qualitativos
ESPAÇO DE COMPETITIVIDADE
Quantitativos
|
Qualitativos
|
1. Financiamento
|
1. Gestão Empresarial:
capacitação e qualificação
|
2. Tributações e
Aduaneiras
|
2. Tecnologia Qualidade e
produtividade
|
3. Trabalhista
|
3. Acesso aos mercados
|
Para isso, considera-se
relevante a implementação de ações de maneira vinculada nas seguintes áreas:
A. ASPECTOS
QUANTITATIVOS
1. Financiamento
Dever-se-ia trabalhar na
criação de linhas de créditos regionais para financiar projetos das MPMES,
sobretudo aqueles projetos empresariais que impliquem processos concretos de
integração regional, promoção de empregos, modernização e cooperação ou em
setores onde se faça necessário processos de restruturação
Deveria contemplar-se
especialmente as MPMES que satisfaçam estes requisitos, de modo a incentivar
aquelas empresas que se encontram em processos de restruturação e modernização
Por sua vez, é de suma
importância criar instrumentos que facilitem a constituição de garantias para
as empresas, para reduzir esta limitação de acesso ao crédito. Em tal sentido,
deveria ser aprofundada a discussão deste tema e o intercâmbio de experiências
e instrumentos inovadores nos Estados Partes.
As estratégias a seguir
deveriam contemplar a criação de um amplo menu de instrumentos e aperfeiçoá-los
juridicamente, de tal maneira que possam servir como diferentes opções às
necessidades financeiras das empresas e apoiar financeiramente, a partir dos
Estados Nacionais, programas que apontem a geração de um marco de referência
confiável que reduza os riscos das MPMES para os bancos.
Os esforços deverão
concentrar-se em:
1.1. Estudar a criação de
linhas de crédito regionais para financiar projetos de MPMES, em particular
aqueles orientados para a integração regional e a cooperação empresarial
(associações e joint-ventures) em especial para aqueles setores que
necessitem reestruturação sob um ponto de vista gerencial e tecnológico,
buscando implementar mecanismos que levem em consideração critérios de
contrapartida relativos à geração de empregos e/ou manutenção de postos de
trabalho.
1.2. Estimular e difundir a
implementação de mecanismos facilitadores de garantia de crédito e aval a
financiamentos, assim como também seguros de crédito.
2. Tributação e
transações aduaneiras
A principal ação de apoio
às MPMES é implementar a harmonização tributária, onde a simplificação
tributária é um aspecto fundamental.
O Brasil já conta com uma
legislação nesta matéria para as Microempresas e a Argentina tem avançado nesta
direção e, no mesmo sentido devem avançar Uruguai e Paraguai.
Outra das preocupações são
os incentivos fiscais que outorgam os distintos países. Dever-se-á trabalhar na
direção de tender à maior harmonização dos mesmos de modo que seja assegurado
aos Estados Partes condições iguais.
Quanto à administração
tributária, deveria explicitar-se que um dos objetivos, a médio prazo, reside
na simplificação das transações vinculadas ao comércio exterior. É de suma
importância avançar na direção da padronização e simplificação das transações,
exigências e controles que levam a cabo os distintos países com o objetivo de
reduzir as diferenças de tratamento, incentivos, etc., em particular os que se
refiram à aduana e às barreiras alfandegárias.
Portanto, dever-se-á:
2.1. Analisar e avaliar os
sistemas tributários existentes em cada Estado Parte, visando introduzir
reformas que tendam à simplificação para as MPMES, com ênfase nos
empreendimentos vinculados à criação e manutenção de empresas e ao comércios
exterior, à redução de formalidades físicas de fronteiras e à eliminação de
barreiras físicas e técnicas, facilitando o processo de importação e exportação
das MPMES mantendo as formalidades administrativas dentro dos limites
estritamente necessários.
3. Trabalhista
Nesta matéria, dever-se-á
estudar e analisar as políticas e programas de produção de empregos e
regulamentação do mercado de trabalho e seus impactos sobre a competitividade
das empresas.
Para isso dever-se-á:
3.1. Estimular e
implementar programas de capacitação, qualificação e requalificação de mão de
obra, destacando-se o turismo e outros setores cujos diagnósticos apontem a
necessidade de uma restruturação imediata que potencialize a geração de
empregos
3.2. Estimular os
organismos cuja função é analisar o mercado de trabalho e a promoção de
programas de qualificação profissional, no nível do MERCOSUL, para que realizem
estudos específicos para as realidades e necessidades das MPMES.
3.3. Estimular as empresas
a gerenciar sua política de recursos humanos para a geração de empregos com
boas condições gerais de trabalho, segundo um ponto de vista ambiental, de
saúde e segurança no trabalho e qualidade de vida do trabalhador.
3.4. Estudar a incorporação
de novos instrumentos que permitam um melhoramento do ingresso de trabalhadores.
B. ASPECTOS QUALITATIVOS
1. Gestão Empresarial:
Capacitação e Qualificação
As políticas de apoio às
MPMES, no que se refere à gestão empresarial, deveriam centrar-se em capacitação
em gestão empresarial para o qual é indispensável o desenho de Cursos de
Capacitação em Gestão e Qualidade. Os mesmos deverão orientar-se às MPMES, sem
privilegiar nenhum setor produtivo em particular, não excluindo a possibilidade
de atuar sobre setores específicos.
Por sua vez, a capacitação
da gestão empresarial deverá complementar-se perfeitamente com programas de
capacitação de mão-de-obra, em setores previamente identificados que necessitam
de reestruturação imediata. Ao mesmo tempo dever-se-ia estimular a implantação
de mecanismos de intercâmbio de experiências entre técnicos de instituições e
empresas e formar capacitadores em gestão ambiental, para poder efetuar uma
adequada apropriação dos recursos naturais e controle dos aspectos ambientais,
dentro de um processo de desenvolvimento sustentado.
Dever-se-ão centrar esforços
em formar multiplicadores em gestão de qualidade total.
Outro aspecto relevante é
gerar campanhas de conscientização entre os Estados Partes sobre a importância
das MPMES, inclusive estimulando o fortalecimento e a organização de suas
entidades de apoio e de representação setoriais e regionais, incentivando a
integração e o intercâmbio de experiências entre elas.
2. Tecnologia, Qualidade
e Produtividade
Em vista a buscar uma
melhor inserção das MPMES no plano internacional, deverá ser fomentado ou incrementada
a competitividade destas empresas, através de ações complementares em
tecnologia, qualidade e produtividade.
Um ponto fundamental é a
promoção de projetos associativos (a criação de redes flexíveis). Um alto grau
de homogeneidade cultural e tecnológica entre associados é de suma importância.
Aqui resulta decisivo identificar as tecnologias apropriadas e os mecanismos
mais efetivos de transferência tecnológica desde os organismos competentes nos
Estados Partes.
Além disso, é necessário
impulsar o reconhecimento mútuo de certificação, já que é um item de grande
importância para reforçar a presença das MPMES no comércio internacional.
Este estímulo deve ser
complementado com as recomendações relativas à adoção de fórmulas cooperativas
entre as MPMES que permitam alcançar uma escala adequada para exportar e canais
comuns de comercialização. Não se deve esquecer que isto está unido à
incorporação de ferramentas da gestão de qualidade certificação de produtos,
sistemas e processos nas organizações produtivas.
Como os sistemas de
inovação dos distintos países são bastante diferentes, deveriam desenvolver-se
programas cujo objetivo seja estimular a criação de redes inovadoras. Isto é,
favorecer a associação de firmas, Centros de pesquisa, Universidades, organizações
intermediárias e o Estado, no próprio contexto nacional, mas com vistas a
cooperar na geração de inovação.
Deverão ser trabalhados os
seguintes pontos:
2.1. Elaborar e difundir
metodologias para auto-diagnóstico gerencial e capacitação empresarial tendendo
a melhorar a qualidade das empresas.
2.2. Estimular o
desenvolvimento dos projetos cooperativos entre grupos de empresas com a mesma
base tecnológica e a promoção de mecanismos que facilitem a interação e o
acesso das MPMES aos centros de pesquisa e às Universidades, em busca das
soluções de problemas técnicos, assim como o desenvolvimento e da incorporação
de novas tecnologias.
2.3. Promover uma cultura
de responsabilidade nas MPMES relativa aos direitos de marcas, patentes e
registros.
2.4. Estimular o segmento
artesanal para que seja capaz de introduzir melhoras nos produtos e gerar
escalas de comercialização, inclusive para a exportação.
2.5. Implementar programas
de artesanatos com o objetivo de valorização cultural, gerar estratégias de
comercialização para os mercados regionais e internacionais e capacitar
mão-de-obra
2.6. Implementar ações para
a inserção do desenho como a tecnologia necessária para agregar valor nos
produtos e serviços prestados pelas MPMES do MERCOSUL, qualificando sua competitividade,
otimizando as condições de trabalho e a relação da produção com o meio
ambiente.
2.7. Estimular a inovação e
o desenvolvimento tecnológico como incentivo à geração, à incorporação e ao uso
de tecnologias de gestão, processos, produtos e serviços.
2.8. Estimular os programas
dedicados à implantação de incubadoras de empresas, como oportunidades de
agregar valor aos bens e serviços e de compartir e intercambiar experiências.
2.9. Estimular a
implantação de redes regionais de metrologia.
2.10. Apoiar a utilização
pelas MPMES dos serviços de metrologia, de ensaios de laboratórios e de
certificação.
2.11. Estimular a
utilização do poder de compra, inclusive do Estado, como um instrumento a mais
para facilitar o desenvolvimento das MPMES que produzam bens e serviços com
qualidade adequada, impulsando a associação para gerar a escala e uniformizar a
oferta.
2.12. Estimular a
implantação dos sistemas de gestão de saúde, de segurança e de meio ambiente.
2.13. Estimular o
conhecimento e a utilização pelas MPMES dos regulamentos técnicos normas
técnicas e procedimentos de avaliação e de conformidade, como instrumentos
facilitadores de acesso aos mercados
3. Acesso aos Mercados
Os esforços dos Governos
neste ponto devem centrar-se na geração de estímulos adequados para que se
incrementem os níveis de associativismo, formação de grupos de empresas,
participação em feiras e eventos nacionais e internacionais, e a criação de
instrumentos de apoio em busca da ampliação de oportunidades e detecção de
novas oportunidades comerciais.
Para isso, dever-se-ia
enfatizar o fortalecimento, inter-relação, intercâmbio e criação de programas e
políticas de apoio às MPMES na busca de novos mercados cada vez com maior
interdependência entre os elementos intervenientes.
Dessa maneira, dever-se-á
avançar numa maior articulação e complementação entre os programas existentes
em cada um dos países, orientando-os para um aumento da capacidade exportadora
destes segmentos e para a conquista de novos mercados a nível regional e
internacional, difundindo-os no universo de todas as MPMES através dos
organismos e instituições públicas e privadas, estimulando a aproximação e a
comunicação entre eles. Em particular, dever-se-ia focalizar os esforços em
estimular e assistir as MPMES em sua integração ao comércio internacional.
Por sua vez, estes
programas e serviços deverão complementar as ações e serviços previstos pelo
setor privado, não duplicando os serviços que já se encontram disponíveis ao
alcance das MPMES, buscando-se:
3.1. Estimular a organização
de grupos de empresas dos países membros interessados em realizar operações
comerciais em outros países, para participar de feiras, exposições e encontros
de negócios;
3.2. Estimular as
associações para que as empresas associadas possam sair em busca de outros
mercados no MERCOSUL e competir em nível internacional;
3.3. Facilitar o acesso das
Micro, Pequenas e Médias Empresas, agrupadas ou não, ao segmento de mercado
formado pelos organismos públicos;
3.4. Estimular, por meio de
mecanismos especiais, a associação de artesãos que sejam capazes de introduzir
melhoras nos produtos e gerar escalas de comercialização, inclusive para
exportação;
3.5. Criar instrumentos de
apoio para as MPMES na busca de ampliação de oportunidades e novos núcleos de
mercado; e
3.6. Estudar e estimular os
processos de subcontratação e formação de cadeias produtivas, observando-se as
questões relativas aos trabalhadores;
C. INFORMAÇÃO
A informação é um elemento
que cruza transversalmente toda a problemática dos segmentos das MPMES,
portanto é de suma importância integrar redes de informação e bases de dados
nacionais e internacionais, incrementar a transmissão de oportunidades de
negócios e comerciais, assim como fomentar o conhecimento e a utilização de
técnicas e procedimentos como facilitadores de intercâmbio para contribuir na
sustentação e desenvolvimento das MPMES. Deve-se identificar as melhores
alternativas para que consigam ser mais competitivas, tanto no seu próprio
mercado nacional como no internacional.
É importante adotar ações e
instrumentos articulados que permitam oferecer produtos e serviços de
informação cuja missão seja solucionar as necessidades informativas desse
segmento produtivo.
Para alcançar este
objetivo, é indispensável apoiar-se em ferramentas efetivas e eficientes que
lhes permitam tomar ações adequadas no âmbito que lhes corresponda.
Dessa maneira, os sistemas
de informação devem estar previstos de forma tal que permitam a realização de
consultas de maneira ágil e totalmente guiada.
As diferentes áreas
temáticas deveriam desenvolver-se a partir de uma série de itens básicos, de
onde se bifurquem em subcampos que abranjam desde a informação local até a mais
particular e específica.
As linhas de ação deverão
tender a:
Facilitar
o acesso das MPMES à informação eletrônica;
-
Renovar a oferta informativa ampliando e mantendo-a permanentemente
atualizada;
-
Promover a utilização das tecnologias de informação para as MPMES;
-
Potencializar a qualidade dos serviços de informação prestados
pelas diferentes instituições;
-
Promover iniciativas dirigidas à difusão da problemática das MPMES
de cada País;
-
Integrar sistemas de rede de informação empresarial e bases de
dados nacionais e internacionais de interesse empresarial;
-
Estimular, aperfeiçoar e implantar novos instrumentos de
divulgação, difusão e intercâmbio de informações para as MPMES;
-
Captar, receber e divulgar oportunidades de negócios para as
empresas nas áreas de subcontratação, terceirização,
exportação/importação, joint-ventures e transferência de tecnologias,
através da criação e implementação de bolsas de subcontratação e negócios.
De modo a ir avançando no
plano de ação sobre os conteúdos dos sistemas de informação do MERCOSUL,
incluem-se algumas características e conteúdos básicos que devem contemplar-se:
Características
dos países: divisão política, população, infra-estrutura - portos, aeroportos,
comunicações, etc. - clima entre outros;
-
Indicadores econômicos básicos: PIB dos Estados Partes, preços de
atacado e de varejo, setor externo (balança comercial dos países do
MERCOSUL, e de cada país em relação aos demais), déficit fiscal, pressão
tributária;
-
Comércio intra-regional: comércio total, exportações e importações,
participação no comércio intra-regional, comércio total do bloco;
-
Composição das exportações por país de destino, por quantidade, por
razão social, por posição tarifária;
-
Política cambiária, tipo de câmbio real, paridade cambiária real de
cada país em relação aos outros, etc.;
-
Estatísticas industriais: índice de Produção Industrial, produção
de unidades físicas por setores, quantidades de estabelecimento segundo a
classificação CIIU, etc.;
-
Taxa de juros ativa e passiva;
-
Normas e regulamentos para investimentos e outras de interesse para
as relações produtivas inter-regionais;
-
Incentivo à inversão produtiva: fiscais e de créditos;
-
Política Comercial: tarifas, barreiras tarifárias, outros
requisitos;
-
Regulamentos e normas de comércio exterior: normas de acesso
(sanitárias, de qualidade, embalagem, etc.), preferências comerciais;
-
Operadoras para exportar e importar;
-
Estudos de mercado;
-
Oportunidades comerciais;
-
Diretórios de provedores de bens e serviços;
-
Estrutura tributária, disposições legais (leis, decretos,
resoluções e circulares), impostos internos (com distinção por estados),
guia de trâmite, impositivos e formulários;
-
Regime de Promoção Industrial;
-
Centros e institutos de investigação tecnológicas;
-
Patentes, desenho industrial e ofertas de tecnologia;
-
Guia de trâmites;
-
Financiamento: linhas de crédito, assessoria de acesso ao crédito;
-
Capacitação para empresários MPMES: cursos e seminários, programas.
conferências;
-
Publicações;
-
Programa de apoio a MPMES: de extensão, capacitação, gestão de
qualidade, etc.
NORMAS GERAIS DO PLANO
DE AÇÃO PLURIANUAL
Para o cumprimento das
diretrizes gerais e estratégias estabelecidas neste documento, será definido e
implementado o Plano de Ação Plurianual (1998-2001), que deverá ser revisado ao
final desse período.
As linhas de trabalho que
os países do MERCOSUL desenvolverão em conjunto, em função do apoio às MPMES,
deveriam estruturar-se em correspondência com a realidade que indica que as
empresas de maior produtividade e competitividade são aquelas que dirigem seus
produtos e serviços a mercados exigentes tanto externos quanto internos.
Ao necessitar que qualquer
ação provenha do mercado, propõe-se a ação conjunta das políticas de apoio dos
países do MERCOSUL desenvolva um trabalho de identificação e transferência de
políticas e metodologias exitosas [sic.], de apoio às MPMES, visando a formação
de redes supranacionais nos setores onde as capacidades desenvolvidas sejam
complementarias e pertençam a uma mesma cadeia de valor, tal que estas possam
ser potencializadas em favor de uma maior penetração nos mercados
internacionais.
Para isso propõe-se como
esquema geral:
-
Identificar
os setores e produtos de cada país que perderam participação relativa no que
diz respeito a outros países em suas exportações MPMES.
-
Analisar a cadeia de valor que explica os fatores de êxito nesses
setores/produto.
-
Selecionar aqueles setores de mais alta complementaridade entre os
distintos países.
-
Identificar as políticas exitosas [sic.] de apoio a outros setores,
onde se tenha ganhado uma crescente participação nos mercados externos, em
relação às exportações de MPMES de terceiros países.
-
Analisar a possibilidade e desenvolver mecanismos necessários para
transferência dessas políticas e metodologias.
-
Identificar as fortalezas relativas das capacidades desenvolvidas
em cada país para apoiar o melhoramento dos fatores confluentes à cadeia
de valor em questão. Propor ações conjuntas com base nas mesmas, para ser
implementadas.
-
Conformar grupos de trabalhos cujo objetivo seja identificar as
diferentes áreas onde se verifique maiores assimetrias e propor as medidas
corretivas necessárias.
-
Implementar campanhas de conscientização sobre a importância das
MPMES e a necessidade de fortalecer as entidades que as representam, tanto
no nível regional quanto setorial.
Dever-se-á elaborar
informes periódicos e sistemáticos dos aspectos relevantes setoriais e
regionais, de maneira que se posse acompanhar as tendências e identificar
eventuais oportunidades de desenvolvimento de políticas pontuais de apoio.
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